vou te perseguir 24h pelas alamedas
suar entre os seios, tropeçar com tênis sujos
vou te telefonar nas madrugadas
dizer frases feitas, chorar entre rimas
vou te enviar cartas tardias
escrever poemas, colar recortes de revista
vou tentar te esquecer durante décadas
eternos rewinds das minhas memórias
27.2.07
sexo mentiras e videotape
- ana guadalupe às 14:31 5 comentário(s)
carnaval animado
assim como sou dinky bosseti e dawn wiener e billy brown (titanismos e fantasias típicos de minha puberdade constante) -
eu sou esse cachorrinho.
- ana guadalupe às 13:21 2 comentário(s)
em música
25.2.07
ociosos
extra extra!
alguns poemas datados, recolhidos e revisitados
(nov.2005)
vivo num filme, trilha chorosa, beijo azulejos
mesmas fotos que vejo há anos
década-de-90 no meu algo-já-cansado
me esqueço
e me encontro
comigo às 8
*
jogo
(dez.2004)
quando as coleciono quase todas muito simples
qualquer impulso me empurra para longe longe
do grande plano grande que se parte até hoje
e não poderia contar as faces
do grande grande susto do qual
me recupero
*
conformar os conformes
(nov. 2004)
se me perder
eu te perdôo
meu nome era muito nasal mesmo
*
aquários
(nov. 2004)
& limites são
vítreos, límpidos, potencialmente quebráveis
(nome de doença, patologia de se esconder,
guardar miniaturas em sacos plásticos,
afogar peixes convulsivos em ânsia, ansiosos,
possam ser domesticados unidos aos erros,
perdoados logo após, minhas âncoras)
aquários de vidro
mesma agonia a vida toda
pergunto de novo onde estão os sentidos
e então perco todos: mingau de aveia
e bananas
*
peru de natal
(out.2004)
tão frio, cheio
de faltas e batidas
marcas e feridas
e ossos presos
nos nós das gargantas
um então abraço
um então perdão
- se houver espaço -
aos anos
aos passos
aos murros e aos muitos
bagaços e beijos
*
pippi longstocking
(set. 2004)
está morrendo e
dentre os ditos exageros,
chora pela reprovação de suas sardas sinceras.
carrega no rosto o peso da nudez,
a burrice-até-ontem, cavalinhos de espuma.
dessa vez e apenas, escolhe um laço com o mundo,
última tentativa de registrar um grande poema
para todos
*
sessão da tarde
(ago.2004)
férias este ano
todas as semanas
e a próxima
em especial
esse último número
que enxerga
não há soma
nesse engano
uma película que separa
mente as datas
perde a fala
não há nada
não há nada
e o monstro no armário
é o teu único
melhor amigo
*
(ago.2004)
depois do choque
há a lição de risadas
e formas de lágrimas
depois do choque
há a promessa de um outro
eletrocutam-me as pálpebras
quando os tremores se vão
conto meus dedos
escovo os dentes
*
(jun.2004)
escrevo versos ando em círculos penso em tiros no ouvido num silêncio mais calmo em balas de goma e cereais matinais e mãos no pescoço e em esquecer o passado
não por arrependimento
mas por exagero por tédio por sódio
escrevo bobagens, pipocas doces, fins-meios, poetas russos, não falo mais ocos: mais brutos.
posso ser um menino
com calças de moletom
e é pouco
nos meses de luto
*
lâmina
(jun.2004)
banheiro vidro azulejo líquido
implora por mais um metro
quadrado que sinta
um frio um limpo uma ferida
engole as tuas dúvidas, lúcida
escuro como naquelas histórias
engole as tuas dobras, mímica
claro e mais claro
clarabóias
*
bobby
(mai.2004)
- quando achar de novo o brinquedo perdido pela casa, ele vai se despedaçar
nas minhas mãos?
esses plásticos baratos, essas mãos nervosas
*
hamlet
(mar. 2004)
não há nada
mais bonito
que isso
estar só
do seu lado
hamleto em folhas A4
não tenha medo do menino fedido
são todos velhos motivos
buracos fundos à distância de um dedo
*
das frutas
(fev. 2004)
laranjas
como se pudesse escolhê-las
carambolas
como se fossem estrelas
comê-las
como se fossem outras coisas
outras coisas
como se fossem as tuas
*
pedido
(out. 2003)
me leve para o méxico
ou para um viaduto
seja uma decepção dolorida
uma rima esdrúxula
um pretexto poético
seja
alguma coisa
porque eu odeio
o vazio
nas suas pupilas
*
babette
(nov. 2002)
pêlos tristes
encontraram a morte
em algum lugar
do jardim
morrer é tão simples
só dura um instante
diga que sim
*
- ana guadalupe às 13:14 0 comentário(s)
em poemas
o pequeno construtor
pequeníssimo tijolo de madeira
e em diante uma casa
ou uma chácara, como gostam
parece que chove à toa
e conflitos familiares soam bem
à pequena população cujos carros desgovernados se despedaçam
contra os castelinhos
e a srta. leite-moça pensou ter visto uma poça de sangue no
quintal chuvoso
e (sangue)
o relógio da praça central é como um coração, mas
os pequenos amigos de madeira
definitivamente não sabem
o que é isso.
(11/2005)
- ana guadalupe às 12:44 0 comentário(s)
em poemas