não desiste
enquanto não tenta
a seção de correspondência
da revista
manda cartas perfumadas
pras moças
dizendo ser um cara bacana
cola adesivo do pernalonga
disfarça pernas trêmulas
quando o carteiro traz
a conta
de luz
28.6.07
- ana guadalupe às 14:10 3 comentário(s)
27.6.07
tom sawyer
a aventura acabou não volto
a escalar as escadas do seu prédio
até que me saltem varizes
com minhas melhores roupas de baixo
no cantil minhas piadas mais felizes
pra encher o seu saco
de dormir
comigo
- ana guadalupe às 11:55 0 comentário(s)
em poemas
25.6.07
vupt
só leu um livro na vida
que falava sobre o vento
com voz fina
se lhe escrevo um verso
e leio em voz alta
não vê graça
não sabe ouvir pausas
como as minhas
nossas idas e voltas
agora não adivinha
que carrego um poema
pra entregar antes que vá
embora junto com a ventania
- ana guadalupe às 00:38 4 comentário(s)
em poemas
22.6.07
um fuzil pra mim
aprendi no google que existe um livro com o seguinte subtítulo:
um fuzil para ana guadalupe.
- ana guadalupe às 11:15 1 comentário(s)
17.6.07
declaração de ódio
aos cadernos brochura.
não consigo pensar em coisa mais ridícula.
- ana guadalupe às 21:37 1 comentário(s)
13.6.07
sf 1 Briefwechsel, Korrespondenz, Schriftverkehr. 2 Post, Posteingang, Postausgang. 3 Entsprechung
na alemanha em 1817
três crianças iniciaram
uma divertida corrente
por correspondência
dentro de doze minutos
envie para mais dez pessoas
para receber belíssimos
postais do mundo todo
caso não aprecie postais
será o primeiro a quebrar
a corrente
e jamais receber uma carta
de amor
- ana guadalupe às 15:38 6 comentário(s)
em poemas
12.6.07
o mundo silencioso
num esforço para que as pessoas
olhem mais nos olhos umas das outras,
e também para satisfazer os mudos,
o governo decidiu determinar
para cada pessoa exatamente cento
e sessenta e sete palavras por dia.
quando toca o telefone, ponho-o ao ouvido
sem dizer alô. no restaurante
aponto para a canja de galinha.
estou me ajustando bem ao novo jeito.
tenho estampas para todas as ocasiões.
cada manhã invento uma nova frase
que imprimo numa camiseta,
como os seres humanos estão vindo
ou karaokê para mudos.
tarde da noite, ligo para meu amor distante,
orgulhoso digo somente gastei cinqüenta e nove hoje.
guardei o resto para você.
quando ela não responde
sei que usou todas as suas palavras
então sussurro lentamente eu amo você
trinta e duas vezes e um terço.
depois disso, ficamos junto à linha
ouvindo um o respirar do outro.
-
tradução de mauro faccioni filho
- ana guadalupe às 11:02 1 comentário(s)
em leituras
5.6.07
óculos do chaves
1.
quantas voltas
pra sua alegria
voltar a pé
pra beber com
a gente te falar
com cuidado
não se recuse a usar
seus dedoches
pra dizer não
às drogas
que te roubam
a ternura
2.
um curto-circuito
no fio da meada
do novelo de lã
que usava
pra rechear umbigos
andar em círculos
te comer melhor
com suas próprias
lombrigas
3.
daqui pra
frente
não seja assim
tão
rebelde
cultive acne
coma granola
e de vez em
quando
escute enya
- ana guadalupe às 17:55 5 comentário(s)
1.6.07
maneiras
último telefonema numa noite de março - mergulho
com chiclete do lado esquerdo da boca - incêndio
premeditado na festa junina - bicicleta
pretensiosa que quase voa - queda
artística num banheiro úmido - torcicolo
brusco na hora do abraço
(projéteis de mistério:)
há os que se despedem
nas colisões
com o tempo
- ana guadalupe às 14:01 3 comentário(s)
em poemas
bronze
não xinguem
se eu acabar fugindo
do domingo na praia
do picolé de leite
ou de fruta
da pretensão de medalha
no concurso de beleza
do calor humano
desse sol lindo
no fim da tarde
os eletrodos
como eu insistem
em esperar por
choques
- ana guadalupe às 12:45 5 comentário(s)
em poemas