24.2.09

supermercado

os meses têm pressa
pra atacar com graça
nossa saúde frágil
caixa de cartas
perdidas na mudança
das intenções
as melhores
respostas chegam
com as portas fechadas

17.2.09

classificados

já que toquei no assunto da mudança, aqui vai mais um anúncio!

o quarto econômico e bem localizado que eu pretendia alugar em são paulo, o velho sonho da recém-formada, não será meu. fiquei sabendo hoje que o dono do cômodo desistiu de se mudar.

então procuro (susan) desesperadamente um novo lugar. se souberem de alguém que pretende dividir apartamento, me avisem. moro com estranhos há seis anos e sou bastante silenciosa.

15.2.09

aspen

olhando por esse lado
eles nunca mais
vão viver juntos
num quarto cheio
de mosquitos
atraídos pelas latas
de feijão debaixo
do armário
eles não vão
nem morrer juntos
e isso não é
o fim do mundo
é só um desperdício
que tarde ou cedo
ela morra em silêncio
ou ele
ao contrário
nos vazios civilizados
das escadas rolantes
ou antes
engasgados com café
na área de serviço

detetive dos trailers

por conta de uma mudança, estou doando minha inútil e querida coleção de filmes VHS: mais ou menos 100 fitas que achei no lixo, ganhei ou comprei por no máximo 2 reais durante os últimos anos, incluindo joe & as baratas, louca obsessão, a morte lhe cai bem, uma equipe muito especial, amityville 4 e outros trambolhos.

mas nem tudo é desapego.
numa dessas madrugadas descobri que não preciso mais me preocupar em manter viva a memória dos clássicos pessoais, já que existe o videodetective, um banco de dados de trailers oficiais que estavam quase caindo no esquecimento.
nós não vamos esquecer vocês! nunca!

(louca)

10.2.09

31.1.09

cabeça de balão

no dia 16 de janeiro esse blog fez aniversário e claro que eu, distraída, não lembrei.

quem escreveu o primeiro post naquele quarto de hóspedes não é (mas é) a mesma pessoa que escreve hoje, temporariamente manca da perna direita por conta de uma cãimbra (nunca mais comprei bananas). não sei o que tinha na cabeça na ocasião, nem nos 24 meses seguintes, nem agora.




27.1.09

versus

os jornais alertavam
sobre sua presença
na cidade
eu ouvia atenta
enquanto bebia leite
sabendo que vinha
ao meu encontro
nos posicionávamos
com capricho num beco
entre os prédios altos

nossos uniformes brilhando
nos movíamos em silêncio
nunca fora do ritmo
éramos lutadores
de videogame

18.1.09

fritas

do outro lado
da mesa
v. abandona
suas batatas
eu suspiro distante
de onde
foi
que
v. tirou
tanta felicidade
dos passeios com seus pais
aos domingos do material
escolar novinho das meninas
que sorriam no baile?

13.1.09

monarquia

as nuvens se atropelando
imensas a gente pensa
que terá um bom ano

as frutas estranhas
na estrada aquele seria
o último

dia da bicicleta roxa
quando o telefone toca
saio na rua de pijama

as nuvens lá suspensas

e a gente sempre pensa
que terá um bom ano

30.12.08

sabedoria

12.12.08

borges

(...)
Sem literatura só há um poço em que caímos e lá ficamos, os olhos estalados no escuro, ouvidos grudados nas paredes cheias de limo, esperando que algo aconteça. Mas nada acontece fora de nós. Nada acontece além do medo. Nossos corpos definhando e consumindo pedrinhas encontradas no chão. Linhas e agulhas e mecanismos de produção ainda estão estirados até o fundo do poço, ao nosso alcance, objetos que esperam pacientemente que sejam transformados em corda, uma corda que os mesmos deuses então puxarão, nos trazendo pra esse campo assim, agora nublado e sem montanhas à vista, mas pelo menos aberto. E com luz suficiente pra que vejamos nossos passos. E observemos, no espelho mais próximo, que ainda temos nove anos de idade. Que pisamos em solo argentino. E que somos Jorge Luis Borges.


abner dmitruk


8.12.08

bananas

the best part of love is when you say
you'll be my friend
we were wearing our pajamas
we were eating some bananas
I wanted to tell you
how I want to be your pal

(fourteen - beat happening)

5.12.08

saúde

não fosse aquele rapaz no ônibus me levar umas fitas numa sexta-feira, talvez eu não conhecesse minha banda preferida dos anos todos que viriam. e também não desenvolvesse uma erotomania ridícula da qual hoje me envergonho. de qualquer forma, no sentido de gostar muito de um texto ou música a ponto de se apaixonar, acho que uma pequena erotomania é saudável.

sempre esses discos e livros virão encomendados no ônibus. e outros, outros ônibus, colecionáveis e conectados. nada mais saudável do que roubar pra si aquilo que é valioso pra alguém.


4.12.08

28.11.08

cce

depois de encarar
dois porta-retratos
ingênuos

como se sente

o ladrão em sua máscara
preta e roupas
listradas

carrega traiçoeiro
meu microsystem
e meu coração

pela ciclovia