receber quem chega de uma viagem rápida
é prever acidentes rodoviários com improvável angústia
lá vai o ônibus deitado se arrastando no asfalto e sua cabeça grande perdendo
os fones de ouvido e talvez outros detalhes enquanto velhos e garotas voam
longe com seus pacotes de salgadinho e o fracasso dessas suas pernas
em relação às saídas de emergência lá no alto
checar então velhas fotos
e concluir que sempre foram
assim bem menores
que o tronco
13.8.09
calças curtas
- ana guadalupe às 16:13 4 comentário(s)
em poemas
3.8.09
gripe suína
oi
oi
to com muita tosse
e febre?
vou parar de tomar os remedios, e se voltar a febre, vou falar com o medico amigo da minha irma
se a febre voltar...
sim!
procure ajuda
se eu morrer, queri que saiba que gosto muito de vc
quero*
e que vc é a pessoa mais legal que eu conheci nesse ano
esse ano??
é
poxa
mas só a mais legal desse ano?
poxa, a pessoal mais legal desse tá pelo menos entre as 3 mais legal da minha vida
se levar em conta que conheço poucas pessoas
se eu morrer vc posta isso no twitter?
ai que dor
- ana guadalupe às 21:06
16.7.09
poema do vento

- ana guadalupe às 12:15 1 comentário(s)
7.7.09
outra linha
se fizesse uma viagem no tempo pra contar pra mim, lá no interior do interior, que em alguns anos eu faria parte de uma antologia - daquelas que eu tanto amava - organizada pela mesma Heloísa Buarque de Hollanda, eu provavelmente teria morrido de susto e não estaria aqui.
mas estou. depois de algumas publicações acidentais na internet e em jornal, minha primeira e talvez única em livro (por isso toda a comoção que não volta mais) é na antologia otra línea de fuego: quince poetas brasileñas ultracontemporáneas. lançada na espanha pelo selo maRemoto, é uma edição bilíngue, na qual as 15 poetas selecionadas têm 13 poemas em português e também na bonita tradução para o espanhol da poeta e dramaturga Teresa Arijón.
é muita alegria dividir um livro com essas mulheres. é sério e são sérias: Alice Ruiz, Alice Sant'anna, Ana Cristina Cesar (sim), Angela Melim, Angélica Freitas, Bruna Beber, Camila do Valle, Claudia Roquette-Pinto, Daniela Storto, Izabela Leal, Juliana Krapp, Lu Menezes, Marília Garcia e Virna Teixeira.
fiquem com a foto e alguns poemas em espanhol.
quando eu souber como comprar, aviso aqui.
o livro é lindo (e não pela minha presença, é óbvio).
abraços pra elas e pra todo mundo.
buenas noticias
hisopos nunca compra
el repartidor de periódicos
semidespierto en arrebatos
destruyendo tal vez la artesanía
recién producida por ex-criminales
en trance
cotton algodón candy dulce
jobson con su nombre raro tenía
el cabello lateral como un príncipe
- jugábamos al escondite
(yo) terminaba por hacer pipí entre las plantas
muy tensa y perfectamente escondida
después lidiaba con la vergüenza
de la mancha en el cotton del pantaloncito
pero ganaba el juego y ahí estaba
la alegría
- ana guadalupe às 17:29 16 comentário(s)
em acontecimentos, poemas
30.6.09
sinédoque, nova iorque
mesmo que mude de opinião amanhã, hoje - terça, 30 de junho - respeito bastante esse 1º filme do charlie kaufman como diretor. o mesmo vale para o diretor da história dentro da história, interpretado pelo phillip seymour hoffman, com sua tentativa utópica (embora inevitável) de aproximar ficção e realidade, numa projeção generosa também da realidade fora do filme. charlie kaufman deve pensar bastante nesses limites, já que seus roteiros anteriores também tratam das manifestações físicas das coisas da cabeça.
There are nearly thirteen million people in the world. None of those people is an extra. They're all the leads of their own stories.
verdade assustadora.
- ana guadalupe às 20:42 0 comentário(s)
24.6.09
escorpião escarlate
ele é divino, esperto, genial
é o paladino 100% nacional
- ana guadalupe às 19:45 0 comentário(s)
16.6.09
felicidade apática, apatia feliz
de passagem só pra lembrar da genialidade do tumblr temático happiest people ever, que diz reunir registros de pessoas que ignoravam a existência do XIS da foto sendo feita e, só por isso, saíram com cara de bunda. é o que eles dizem, e tem até um queijo no fundo.
todo mundo tem fotos infelizes, mas há também a possibilidade disso não ser questão de escolha, e sim de quase predestinação. um indivíduo que nasce todo sorrisos (espontâneos ou não) dificilmente conseguirá chegar, mesmo se quiser, à atmosfera desse tipo de semblante apático que ultrapassa o tédio e a paisagem simples. e vice-versa: o verdadeiro apático não consegue fingir ímpetos de empolgação muito convincentes.
no caso do tumblr das "pessoas mais felizes ever" (note que o nome fala do estado de espírito, não do acidente) a pessoa, poxa, na maioria das vezes tá num momento de diversão, vendo a câmera E o fotógrafo, e não se anima sozinha? mas nada é certo. talvez eu leve muito a sério a descrição, o queijo e minhas próprias fotos. e apatia, aliás, nem sempre descreve os sorrisos de monalisa, que são até mais ricos em emoção que muitos dos sorrisos abertos.
de qualquer forma, é bem mais engraçado pensar que essas pessoas são assim o tempo todo. e difícil acreditar que, no próximo segundo, elas passariam da vibração DO CONTRA aparentemente genuína pra um sorrisão fotográfico proporcional.
- ana guadalupe às 19:47 5 comentário(s)
25.5.09
casa de praia
beach house, de novo, apesar dos balões.
- ana guadalupe às 19:26 2 comentário(s)
em música
20.5.09
feijoada
oi
vi seu twit
sobreviveu à feijoada velha
sobrevivi
acho que tou com verme mesmo
eu tb acho
depois da feijoada ainda comi um montao de tornta de frango
mas é sério
não é brincadeira
vixi
pq?
até o seu bafo e tal
e os barulhos de estômago
e o intestino desregulado
tudo isso tem a ver com vermes
e se vc não toma remédio há anos, a probabilidade é ainda mais alta
diagnostico completo
mas é sério
vc tem que tomar remédio
vou tomar remedio de verme
como chama?
os vermes saem vivos no coco? pq se sair, nao vou tomar nao
não
eles saem moídos
que loco
- ana guadalupe às 11:21 3 comentário(s)
11.5.09
2.5.09
os melhores amigos
com a amizade do google reader e o método de leitura dinâmica finalmente se mostrando útil, minha ânsia doentia de compartilhar é proporcional ao velho dilema da participação supervalorizada (na falta de um nome melhor pro dilema).
tanta coisa pouco importante pra dizer, tanto seriado ruim pra comentar, tanta foto de roedores com linguinhas que, quando tudo acumula, o desespero agora responde por um novo número: 1000+. em oposição ao prazer, que é o zero. mas o zero - quem conhece sabe do que falo - traz outro tipo de desespero.
- ana guadalupe às 20:09 2 comentário(s)
em leituras
12.4.09
páscoa feliz
vou ver filme
eu tb
até
ganhou ovo?
aposto que ganhou ovo da itamaraty
ganhei nada
aposto que vc tbem nem ganhou
aposto que ninguem lembrou de você
- ana guadalupe às 16:09 2 comentário(s)
8.4.09
notas pra vida toda
uns dias atrás assisti ao documentário this filthy world. trata-se do john waters sozinho num palco, falando durante mais de uma hora sobre a infância, cultura pop e, naturalmente, os filmes que dirigiu. transcrevo aqui (na falta de coragem pra traduzir) alguns dos trechos mais inspiradores dessa palestra motivacional da IMUNDÍCIE.
All young people need somebody bad to look up to.
When I was a child, the holy trinity to me was the Wicked Witch of the West; Rhoda Penmark, the child murderess in “The Bad Seed”; and Captain Hook. I prayed to these people.
The Wicked Witch… I was in drag only once in my life and that was as the Wicked Witch. I went to a children’s birthday party and I raised a few parents’ eyebrows, but it wasn’t so much I wanted to wear a dress, (…) but because I wanted to have green skin – something you can see as coming true.
I was the only kid in the audience who didn’t understand why Dorothy would ever want to go home – it was a mystery to me. To that awful black and white farm, with that aunt who was dressed badly, smelly farm animals around, when she could live with wing monkeys and magic shoes and gay lions. When Dorothy would be clicking her heels together, I would be the only child in the audience sobbing uncontrollably.
--
As a kid, the library saved my life. I mean, most everybody here likes the library, many of you probably had your first sexual experience at the library. (…) We have to make books cool again. If you go home with somebody and they don’t have books, don’t fuck them. And DVDs don’t count either. I had a plumber that came at my house and he looked around and said “ahh, do you read all these books? I hate read. Turning those pages right to left, right to left, right to left…”.
Even as a kid I would go to the library and look at the card catalog and I’d look up things I wanted to read (…) and then it would say “see librarian”. And that pissed me off. So I found out where the “see librarian” books were behind the counter and I stole them, while they were talking to the regular children. So that just goes to show that if you’re a librarian today and a kid asks for “Naked Lunch” and he’s seven years old – if he’s heard of it then he’s old enough to read it.
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(On his early movies) Next came “Roman Candles”, which was very much influenced by “The Chelsea Girls” (…). It was basically just home movies of my friends like Mink Stole shoplifting and wearing outfits they’d stolen from the paraphernalia boutique in New York. We were really good shoplifters. I had a special coat for records - and I don’t feel bad, because they’re the same records I pay 25 thousand each today to put in soundtracks to my movies. So they got it back, it only took forty years.
Divine was really good. I saw Divine walk out of a department store once holding a chainsaw and a TV. No one said one word actually.
- ana guadalupe às 23:48 1 comentário(s)
acaso & necessidade
A experiência de criar um poema é maravilhosa. Mas, como não depende inteiramente de mim, sei que corro o risco de nunca mais vivenciá-la. Se parar de fazer poesia, vou lamentar – só que não a ponto de disparar um tiro na cabeça. Nenhum poema, de nenhum poeta, me parece imprescindível. Dante Alighieri poderia não ter escrito A Divina Comédia. Ou poderia tê-la escrito de outro jeito. Novamente, tudo se subordina à lei do acaso e da necessidade.
ferreira gullar em entrevista à revista bravo
- ana guadalupe às 17:30 0 comentário(s)
em leituras
6.4.09
os moradores de quitinete
o chão de quitinete
acumula os mesmos ácaros
que andam pelos corpos e cabelos
compartilhados no único
travesseiro úmido
dos moradores de quitinete
quando sentem sono
- ana guadalupe às 21:02 1 comentário(s)
em poemas